O que é questão agrária e
qual é a sua relação com a questão agrícola? A questão agrária tem conteúdo
político e social e a questão agrícola está relacionada à produção de gêneros alimentícios.
Em outras palavras, como diz Graziano da Silva.
[...]
a questão agrícola diz respeito aos aspectos ligados às mudanças na produção em
si mesma: o que se produz, onde se produz e quando se produz. Já a questão agrária
está ligada às transformações nas relações de produção: como se produz, de que
forma se produz. No equacionamento da questão agrícola, as variáveis
importantes são a quantidade e os preços dos bens produzidos. Os principais
indicadores da questão agrária são outros: a maneira como se organiza o
trabalho e a produção; o nível de renda e emprego dos trabalhadores rurais; a
produtividade das pessoas ocupadas no campo etc.
Cabe destacar, como diz
Graziano da Silva (1980), que a questão agrária e a questão agrícola estão
internamente relacionadas, sendo que muitas vezes suas crises ocorrem simultaneamente,
mas nem sempre isso é uma condição necessária, pois muitas vezes a resolução do
problema agrícola pode servir para agravar a questão agrária.
Uma categoria fundamental
para os estudos da questão agrária é a chamada renda da terra, que representa um lucro extraordinário,
suplementar, permanente, que ocorre tanto no campo como na cidade – também é
denominada de renda territorial ou renda fundiária. Sendo a renda da terra um
lucro extraordinário, fruto do trabalho excedente, esta constitui-se na fração
da mais-valia*.
A renda da terra em sua forma mais desenvolvida no modo de produção capitalista
é sempre sobra acima do lucro, ou seja, constitui-se num lucro excedente.
No entanto, a renda da terra
sob o modo capitalista de produção é resultante da renda diferencial e da renda
absoluta.
RENDA
DIFERENCIAL
[...] decorre da diferença
entre o preço individual de produção do capital particular que dispõe de uma
força natural monopolizada e o preço de produção do capital empregado no
conjunto do ramo de atividade considerado. As causas da renda diferencial são
três: sendo que as duas primeiras (renda diferencial I) independem do capital.
São elas: a diferença de fertilidade (natural) do solo e da localização das
terras. Essas duas podem atuar em sentidos opostos. A terceira causa (renda
diferencial II) é oriunda dos investimentos de capital no solo para melhorar a
sua produtividade e/ou localização.”
Para ficar claro, lembremos
que a Renda diferencial I independe do capital. As terras que são férteis
naturalmente e têm sua localização privilegiada, por exemplo, a Zona da Mata
Nordestina, as áreas de terra roxa no Paraná em Santa Catarina etc.
No caso da renda diferencial
II, lembremos que esta é dependente do capital, por exemplo, nas áreas de solos
pobres, como o Cerrado brasileiro e grande parte dos solos amazônicos.
RENDA
ABSOLUTA
[...] é aquela que resulta
do monopólio da terra por uma classe ou fração de classe, e desapareceria caso
as terras fossem nacionalizadas. Assim, a renda absoluta é resultante da
elevação dos preços de produção desses gêneros, principalmente por ação dos
monopólios. Isso porque os proprietários fundiários só permitem a utilização de
suas terras quando os preços de mercado ultrapassam os seus preços de produção”.
No caso da renda absoluta,
podemos citar como exemplo os grandes especuladores latifundiários que colocam
suas terras para produzir quando os preços estão acima da média.
Referências;
Dantas, Aldo. Geografia
Agrária / Aldo Dantas, Rosana Silva de França e Sara Raquel Fernandes Queiroz
de Medeiros. – 2. ed. Módulo 7 – Natal: EDUFRN, 2011.
* Mais - valia: Conceito
desenvolvido por Karl Marx. Refere-se ao trabalho não pago ao trabalhador, isto
é, na exploração exercida pelos capitalistas sobre seus assalariados.
texto bem claro e objetivo,parabéns!
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